sábado, 2 de janeiro de 2010

Cantigas de uma velha negra, 1757.

Em casa tinha uma negra,
Que vivia a cantarolar,
Canções de uma sábia velha,
Cantigas para lhe acalmar.

A negra não desafinava,
Se desdobrava até o sol raiar,
E quando ia pra senzala,
Continuava a cantar.

Eram poesias contraditórias,
Não falavam do amor, nem do mar,
Suas cantigas faziam perguntas,
Sobre um certo lugar.

Certo dia a negra cantando,
Eu parei pra escutar,
O marasmo de seu pranto,
Era em canto que iria encantar.

Encantava minhas noites,
Remansava os meus dias,
Quando perguntava em seus cantos:
- Será que a morte após a vida?

Lucas de Matos Cunha


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